Se os candidatos não foram muito competentes em seus discursos e se a Presidenta Dilma não é muito competente em seu trabalho, eu realmente não sei. O que sei é que as demandas do meu dia-a-dia, como o próprio termo já diz, acontece agora, não dá pra esperar todo mundo se acomodar em suas mesas e decidir o meu presente ou o meu futuro de tão longe.
Há uma Resolução, mas não há normas para o atendimento do aluno itinerante em território nacional. Por conta disso, ficamos à mercê de profissionais interessados ou não, competentes ou não.
O que sei realmente é que a competência da equipe Escola Vicência Castelo, na Praia da Pipa, está fazendo uma grande diferença em nossa vida.
Esclarecendo um pouco a questão, digo que permaneço matriculada na escola enquanto viajo por alguns dias pela costa norte do país. Saí de Pipa com uma orientação de estudos completa, de todas as matérias, com atividades, estudos e até uma entrevista pra ser realizada em minha ausência na cadeira do prédio. Sim, porque não estou fisicamente, mas continuo estudando durante este processo. Quando retornar, farei todas as avaliações perdidas no período. É como viajar e voltar, como faz qualquer aluno comum.
Perdemos muito tempo em Minas Gerais, no primeiro semestre, porque não pensamos (e nem fomos orientadas) quanto a essa possibilidade. Tivemos que permanecer em São Thomé das Letras (a pior escola até agora) até terminar o primeiro bimestre; e depois tivemos que permanecer em Ouro Preto (a hospedagem mais cara até agora) para finalizar o segundo bimestre.
Nos dois casos era preciso nos ausentar da cidade pra localidades próximas. De São Thomé fomos para Tiradentes e São João Del-Rei por cerca de 15 dias. A única coisa que a diretora disse foi "Boa Viagem". Quando voltei pra fazer as avaliações, a professora de matemática ainda nem sabia da minha condição de ausente, e se negou a me dar as avaliações perdidas no período (*). Em Ouro Preto, a diretora foi informada que precisaríamos viajar por 10 dias, sendo solicitado que fosse feito um planejamento com minha mãe pra não ocorrer no período de avaliações... A diretora desapareceu, e quando minha mãe informou que viajaríamos, fui eu que apresentei as datas das provas na mesma semana. Resultado, tivemos que permanecer por 41 dias presas na cidade. Um terror!!!
(*) Este fato, entre outras ocorrências nessa escola, será denunciado à Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais.
Tudo isso pra que eu não perdesse matéria e não corresse risco de ser prejudicada nas avaliações de fechamento dos bimestres. Mas tudo isso atrapalhou muito, prejudicando nosso avanço pelas outras regiões, sobretudo a Região Norte.
Diante desse cenário, tivemos que encurtar nossa passagem do Rio Grande do Norte em diante; justamente o trecho mais difícil no que diz respeito a estradas, características e acesso em todos os sentidos. Muitas vezes temos que deixar o carro e seguir com outro veículo, devido a areia, aos rios e etc... Também o calor aumenta a cada Estado (e como faz calor!!!) complicando todo o trabalho, principalmente o fotográfico.
Nesta fase, não ficamos mais de três ou quatro dias nas localidades, a maior parte do dia estamos nos locomovendo com carros e/ou veículos apropriados ao trabalho da minha mãe, atrás de mangues, pássaros, animais e plantas de diversas espécies, se tornando inviável passar pelas escolas (na maioria dos lugares nem há escolas).
Se não fosse o constante acompanhamento da Escola Vicência Castelo e o esclarecimento de nossas possibilidades nessa condição de itinerância, tudo seria mais tenso e muito diferente nesse momento.
É por isso que digo que não basta apenas chegar na escola e fazer o seu "trabalho". Neste caso, o trabalho de estar presente. É preciso olhar com mais atenção às necessidades de cada aluno, itinerante ou não, procurando, na medida das possibilidades de nossa Legislação e da vontade de cada um, atender a todos.
Ao contrário do que QUASE todo mundo pensa, nós alunos não somos uma massa, onde respostas padronizadas e sem reflexão podem ser dadas de forma indiscriminada. Somos educandos, cidadãos, temos direitos assegurados, seja dentro do padrão estabelecido, seja fora dele.
A maioria das pessoas aceitam, mas também nesse ponto minha mãe e eu somos diferentes.
Linda a sua exposição. Vemos aqui um reconhecimento à equipe que está auxiliando no seu processo. Como você bem coloca, não fosse isso a realidade seria outra. Parabéns por saber criticar e elogiar sempre que é preciso. Um beijo!
ResponderExcluirÓtima oportunidade para aprender mais sobre disciplina. Seja em casa, seja viajando, você já entendeu que o trabalho é o mesmo. :)
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